quarta-feira, 14 de novembro de 2012

TECEDEIRAS DE ANJOS OU O SEQUESTRO


Tecedeiras de anjos   ou  o  sequestro

Conta a lenda que, em Beira Rio, as tecedeiras antigas eram transformadas em bruxas que roubavam crianças pra fazer sabão e lavar as suas rendas.

Um certo dia,  um certo menino de aproximadamente  dez anos chamado Bernardo resolveu entrar na casa de Dona Constance, uma das velhas tecedeiras que moravam por ali. Bernardo esperou para que Dona Constance saísse para  fazer as compras. Ela saiu e Bernardo resolveu entrar de uma vez antes que ela voltasse para tirar sua dúvida.

Bernardo já dentro da casa,  encontrou um velho álbum com fotos recentes e antigas de crianças que haviam desaparecido, mas ele não sabia para que o álbum servia. Decidiu, então, investigar. Subiu até o quarto de Constance e encontrou três caixas de seringas com agulhas cheias de anestesia e soníferos. Acreditou que  aquelas coisas servissem para controlar alguma doença que a senhora tivesse. Porém, de repente,  quando estava saindo da casa, escutou o barulho da porta da frente se abrindo, ele entrou em desespero e procurou um lugar para se esconder. Ficou imóvel  atrás de uma cortina escura.

Dona Constance entra  com suas compras, vai até a cozinha,  coloca as compras e volta para a sala. Pega o telefone e faz uma ligação muito suspeita:
_ Alô, Duarte.
_ Diga, Constance.
_ Duarte, quanto você pagaria por um menino de mais ou menos 10 anos?
_ Qual a altura do moleque, a cor dos olhos, do cabelo.
_ Deve ter 1,20m, olhos castanhos escuros, cabelos negros, boa peça, artigo de primeira. O garoto é bem tratado, meio chorão, mas artigo de primeira.
_ Isso é bom, te pago quinze mil.
_ Que isso, companheiro? O moleque tem dentes de primeira, carinha de europeu, educação francesa, você faz bom negócio com ele depois.

_  É pegar ou largar, quinze mil e não se fala mais no assunto. De mais a mais, sei que você não pode ficar com ele por muito tempo, pode levantar suspeita. Se é que você me entende...

_  Tá, tá, tudo bem. Você sempre se arranja bem nessas histórias. Ainda vou me dar mal te favorecendo tanto! Venha buscá-lo!
_Tudo bem.
Do outro lado da linha, Duarte se vangloria de sua esperteza no trato com mulheres medrosas e ambiciosas como Constance.
Desligado o telefone, Constance vai para o seu quarto.  Bernardo tenta sair de trás da cortina sem que ela perceba, mas deixa um vaso de cristal cair.
Constance percebe a atrapalhada do menino e o pega .
_ Coisa boa, uma linda criança por aqui. Achou que eu não te conhecia? Sigo seus passos há um bom tempo, garoto. É,  a sorte está mesmo a meu favor, nem precisei buscar.
Bernardo treme dos pés à cabeça, parecendo conhecer seus  destino.
_ Vejo que  você me poupou o trabalho de ter que te raptar e agora você vai ser meu caminho para uma boa fortuna. Nada mal... 
Constance se aproxima de Bernardo e tenta abraça-lo para facilitar a captura.
 _Socoooooooooooooorro! Socorro! Me me solta,  por favor!

Munida de uma anestesia, Constance imobiliza Bernardo. Inconsciente, ele parece ser mais uma peça disponível para o crescente tráfico de crianças.
Por dois dias o pequeno garoto é mantido na casa da velha contrabandista. Era preciso providenciar a documentação para expatriar a criança.
Duarte chega e leva Bernardo para o aeroporto sob a ameaça de matá-lo.
Os pais de Bernardo vivem esses dois dias de tormenta, entram em desespero por não encontrarem o filho e sem pistas de onde ele pudesse estar. Afinal, para um garoto de dez anos, Bernardo era pouco comum. Ficava muito em casa, via televisão, navegava na internet, tinha poucos amigos, e, com dificuldade ia à escola.

A poucos metros dali, Elijah,  pai de Bernardo,  conta à policia que seu filho está desaparecido há dois dias.
 A polícia entra em contato com os aeroportos para tentar impedir o embarque de Bernardo. O voo  para Amsterdã _  sim, esse era o destino do pequeno Bernardo _ estava se preparando para o embarque.  Sequestrado e sequestrador já estavam na sala de embarque, quando a funcionária da TAP,  informa da interdição  da aeronave.
Duarte e outros passageiros, ansiosos pela demora na decolagem,  perguntam o que estava acontecendo. A aeromoça, orientada da possível situação de sequestro,  informa aos passageiros que  a demora  se tratava de um motivo corriqueiro. Era preciso verificar as condições de decolagem, uma vez que a neblina dificultava  as ações de pouco e decolagem naquela área. Duarte se senta e espera que o avião decole.
Duarte, apavorado, recebe, uma ligação de Constance, informando que a família de Bernardo havia pedido a interdição dos aeroportos. Constance o orientou para que fugisse. Acostumado a essas situações, Duarte despista a polícia e subornando um carregador, consegue fugir em meio às bagagens dos passageiros que vinham de outro voo, levando consigo o pobre garoto.
Fora do aeroporto, Duarte consegue ir  para a casa de  Constance.
Os noticiários já davam conta de que um garoto de 10 anos havia sido  sequestrado e que, apesar dos esforços da polícia,  ocorreu a fuga do sequestrador e seu refém.

_ O que você esta fazendo aqui? Se a  policia te descobre aqui, vai me levar também. Saia  daqui agora!

_ Não posso! Não conheço esta cidade direito. Tem como você me levar para algum hotel confiável?
_ Se vira, saia daqui o quanto antes, tem um motel a cinco  quadras daqui.
Como vou entrar num motel com um menino de dez anos, sua imbecil?
_Se vira, minha parte foi feita.

_ Preciso da grana que te passei.
_ Saia daqui, agora!!!

Duarte sai em disparada com o carro para o motel se esconder com a mala   em que estava Bernardo.
O pai de Bernardo vê aquele homem sair correndo na maior velocidade e decide segui-lo. Elijah o segue até a pensão e o vê entrar com um caixote muito estranho no quarto e resolve invadir o quarto.
_ Quem é você?  O que você faz aqui?
_ Sou o pai de Bernardo o menino desaparecido
_ E o que faz aqui?
_ Quero saber por que saiu correndo da casa de D Constance daquele jeito.
_ Eu estava com muita pressa.
_ Eu não acho que seja  só isso. Desconfio de  que você está escondendo alguma coisa.
_ Por que você acha isso? Você me segue, invade meu quarto e  ainda insinua  que estou escondendo alguma coisa!!!
_Sim, isso mesmo. E esse caixote, o que carrega nele?
_ São negócios, tenho uma mercadoria para entregar a uma empresa multinacional
_ O que é isso?
_ Não te interessa, agora, saia do meu quarto antes que eu chame a policia!
Bernardo acorda dentro do caixote e, com a boca amordaçada, começa a gemer e fazer barulho. Elijah escuta os gemidos e corre para verificar o que havia no caixote.   Com um murro Elijah faz Duarte desmaiar.
_ Bernardo, é você que esta ai dentro, meu filho?
Bernardo mesmo amordaçado tenta responder que sim. Elijah destrói o caixote para libertar Bernardo. Bernardo livre, seu pai  liga para a policia para falar que achou o sequestrador e refém.
_ Papai, quem me sequestrou foi a D Constance, ela me vendeu para esse moço, ele ia me levar para o exterior e me vender para um casal de  marroquinos.
_ Não se preocupe, a polícia saberá o que fazer com esses canhalhas. O importante é que você está aqui, são e salvo. Temos que ir para casa agora!
Elijah amarrou Duarte lá no quarto da pensão até a policia chegar e foi embora tomar satisfação com D. Constance.
_ Sua bruxa, sem coração,  você sequestrou meu filho e vendeu para aquele bandido! .
_Eu não fiz nada, se  o seu filho  disso, ele  está mentindo.
A policia chega com Duarte e prende D Constance.
_Eu não fiz nada por que estão me prendendo?
O policial  diz que Duarte havia confessado todo o esquema do sequestro e que havia confessado ainda outros crimes.

Bernardo e Elijah agradeceram aos policiais e entraram foram para  casa e comemoraram a volta de Bernardo para casa. Bernardo nunca mais foi o mesmo depois daquela experiência que nenhuma criança gostaria de ter. Divulgou sua experiência nas  redes sociais para que os pais e as crianças estivessem mais atentos às possiblidades de ação de criminosos. Passou a ser um garoto mais feliz, conquistou amigos e fez da sua vida uma lição de vida para outros garotos.
Quando mais velho entrou, decidiu trabalhar no combate  ao tráfico de pessoas, especialmente de crianças. Pôde assim,  salvar muitas vidas.


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